GRATIDÃO
- Luis Cavalcante
- 1 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de abr. de 2022
Em silêncio e devagar
O homem pôr detrás do balcão olhava a rua distraidamente. Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra a vitrine. Os olhos, da cor do céu, brilhavam quando viu determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul. – É para minha irmã.
Pode fazer um pacote bem bonito?, diz ela. O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou: – Quanto de dinheiro você tem? Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazer os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse: – Isso dá? Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa. – Sabe, quero dar este presente para minha irmã.
Desde que morreu nossa mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza que ficara feliz com o colar, que é da cor de seus olhos.
O homem colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com fita verde. – Tome! - disse para a garota. Leve com cuidado. Ela saiu feliz saltitando pela rua. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem, de cabelos loiros e olhos azuis, adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o embrulho e indagou: – Este colar foi comprado aqui? Quanto custou? – Ah!, falou o dono da loja.
O preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente. A moça continuou: – Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu a jovem, dizendo: – Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar.
Ela deu tudo o que tinha.
“Se nossos olhos se afeiçoarem à contemplação da singeleza e da simplicidade, simples e singelos serão nossos corações.”
Bezerra de Menezes
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