UMA OFERTA CARIDOSA
- Luis Cavalcante
- 2 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de abr. de 2022
TACITULUS TAXIM - Em silêncio e devagar
Certo dia, em um final de tarde ensolarada, um rapaz pobre, que vendia mercadorias de porta em porta para custear os estudos na faculdade de medicina, viu que só lhe restava uma simples moeda de dez centavos e ele tinha muita fome.
Decidiu que juntaria toda sua coragem e pediria comida na próxima casa em que ofereceria seus produtos. Porém, seus nervos e sua vergonha o traíram quando uma encantadora mulher jovem abriu a porta.
Em vez de comida, pediu apenas um copo de água.
Aquela gentil mulher, analisando o semblante triste e sofrido daquele jovem, pensou que ele parecia faminto e assim, ao invés do copo de água, deu-lhe um grande copo de leite.
Ele bebeu devagar, e depois lhe perguntou:
– Quanto lhe devo?
– Não me deves nada - respondeu ela - minha saudosa mãe sempre
nos ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta caridosa.
Ele disse:
– Pois te agradeço de todo coração.
Quando o rapaz saiu daquela casa, não só se sentiu mais forte fisicamente, mas também sua fé em Deus e na bondade dos homens, ficaram fortalecidas. Ele já estava resignado a se render, iria deixar tudo de lado, abandonar a faculdade de medicina, extremamente cara para a sua realidade, e arranjar um outro emprego em período integral.
Muitos anos mais tarde, aquela jovem mulher, agora uma serena senhora, ficou gravemente doente. Os médicos locais estavam confusos, não conseguiam chegar a conclusão de um diagnóstico preciso, desta forma, a enviaram para uma grande cidade da região, onde chamaram uma equipe especializada para estudar aquela rara enfermidade.
Chamaram o maior especialista da região. Quando este escutou o nome do povoado de onde a paciente viera, uma estranha luz encheu seus olhos, era a sua querida cidade natal, e ele imediatamente subiu ao quarto da paciente para ver se a conhecia de sua época de infância, adolescência e de formação profissional.
Vestido com sua bata de doutor reconheceu aquela gentil senhora imediatamente. Retornou ao quarto de observação determinado a fazer o melhor para salvar aquela vida.
A partir aquele dia dedicou uma atenção especial àquela valiosa paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou a batalha. Finalizado o seu trabalho pediu à administração do hospital que lhe enviasse a fatura total dos gastos para aprová-la. Ele a conferiu e depois escreveu algo, mandando entregá-la no quarto da paciente. Ao receber a fatura, a paciente estava com muito medo de abri-la, pois, sabia que levaria o resto de sua vida para pagar todos os gastos.
Mas, finalmente abriu, seu semblante ficou tomado de espanto, e lágrimas de alegria e gratidão correram por sua face com uma nota escrita na fatura que dizia: “Pago totalmente, anos atrás, com um caridoso copo de leite”.
“Em resposta a uma ética da exclusão, estamos todos desafiados a praticar uma ética da solidariedade.”
Betinho
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